Sempre fomos assim...!!!

Sempre acreditei que um povo tem a sua personalidade , o seu carácter. Sempre acreditei porque o sinto, que e no que toca a nós, somos um povo remediado,acomodado...um povo com alma boa, é certo, mas um povo que se anula a si próprio constantemente porque nao acredita...pois que nada há em que acreditar.

Um povo cujos cidadãos infelizmente só revelam a sua têmpera, além fronteiras em tão diversificados campos como as artes, a investigação científica, a vida empresarial. Porquê? Porque nao acreditamos no país , porque para quem tenha o mínimo rasgo de inicitaiva e de uma forma geral, lhe são cerceadas todas as intenções...logo no inicio, se nao for já considerado pessoa importante. Penso que antes de mais, somos um povo formado por pessoas invejosas, pessoas que se julgam importantes no seu autismo constante, somos um povo que não gostamos de ver os outros bem, somos um povo injusto para connosco próprios. E sobretudo, somos um povo que não sabe mesmo o que é MAU, o que é sofrer.

Um povo que nunca sofreu uma guerra, que nos desse e ensinasse uma diferente visão e escala de valores humanos e sociais. Tenho pena...!!!

Para além de Eça de Queiroz que tão bem retratou a nossa sociedade em seu tempo, também Guerra Junqueiro teceu os seus comentários, que se seguem:

"... um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta (...)

Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta ate à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados (?) na vida intima, descambam na vida publica em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira a falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na politica portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro (...)
Guerra Junqueiro, in "Pátria", escrito em 1896

Nao é de agora...sempre fomos assim. Infelizmente. Fiquem bem e até amanhã.