Far West da Europa

Não nos pode passar ao lado a corrente onda de violência que está a assolar desde já há algum tempo, este país à beira mar plantado.

Os últimos incidentes violentos - e alguns mortais - que só neste fim de semana aconteceram tanto em Lisboa como no Porto - para além de todos os outros que já vêm desde há meses atrás - fazem-nos pensar e ter receio de andarmos por aí em aparente sossego.

Uma senhora de 30 anos, foi abatida a tiro em Sacavém, quando tentava resistir ao carjacking de que foi alvo; uma discussão à porta do Bela Cruz no Porto - tantas vezes estudei no Bela Cruz - acabou com uma bala alojada no cérebro de um segurança, já ao nascer do dia.

Poderiamos dizer que a senhora deveria ter entregue o carro e nao reclamar. Mas naturalmente a primeira reacção que temos, é defendermos aquilo que é nosso - é a mesma coisa que alguém querer resistir nas mesmas circunstâncias, ao rapto de um filho por parte de outrém - pois que nunca contamos que o agressor esteja munido de uma arma e que gratuitamente dispare um tiro à queima roupa.

Porque para além de nao nos podermos sentir seguros, ficamos apreensivos sobre a segurança dos nossos filhos que, ao quererem distraírem-se e confraternizar com amigos num qualquer bar ou discoteca, arriscam-se sem saber nem como nem porquê, a verem-se envolvidos e quiçá resultarem como vítimas de uma briga qualquer com a qual nada tiveram a ver.

E o pior de tudo isto é que não vemos que sejam aplicadas aos agressores - quando apanhados - penas em conformidade da situação de dor e perda que causaram não só às vítimas como às suas familias. Num país em que a pena máxima vai somente aos 25 anos de cadeia - quando são aplicadas - e em que os criminosos por artimanhas de bom comportamento e outras tantas amnistias, vêm reduzidas essas mesmas penas para prazos perfeitamente inaceitaveis, não nos podemos mesmo sentir em segurança.

Porque afinal, isto é mesmo um país do "far-west" da Europa.