Há muito muito tempo...

...era eu uma criança...??? Não, não era isto....isto é do Zé Cid !

Dizia eu que há muito muito tempo que não escrevia por aqui. Desde Fevereiro, em que falava do GPS.

E é no dia d0 aniversário do meu filho mais velho - parabéns Francisco - que resolvi voltar a escrevinhar. Não sei bem sobre o quê mas lá vai....ora deixem cá ver...hmmmm...

"Face Oculta", não vale a pena, já toda a gente sabe a sujeira que é e eu até que nem tenho nada a ver com aquilo - temos todos, pois é - mas adiante...

"Freeport" também não! Ora, que temos nós a ver com aquilo também ? Nada...

Paulo Bento e o Sporting ? Também não, que eu sou Sportinguista e até que gostava do homem, mas ser-se bom homem não chega para ganhar jogos...e até nem percebo puto de futebol !

O bom momento do Benfica ? Também não, que o Jesus desceu à terra e os gajos marcam golos atrás de golos - só não marcaram ao Braga, mas isso segundo os "entendidos", foi uma cabala contra o Benfas - ora pois foi...!!!

Do Braga que chega a Guimarães e devido a um qualquer complexo de inferioridade, perde sem saber como? Também não ( terá sido também uma cabala contra o Braga ? ) Não sei...

Do Jesualdo Ferreira que, ou se põe a toques ou vai praticar "patinagem artística" ? Também não...

Da minha perna partida há já quase 4 meses e que me obriga ainda a andar de canadianas? Ora sim, é sobre isto mesmo...

Estes 4 meses de canadianas - ou muletas, como lhes queiram chamar - vieram mais uma vez provar a capacidade de adaptação que o ser humano tem às situações adversas ou menos habituais.

No início, era um desatino, diziam-me que tinha de não deixar as pernas passarem à frente das muletas; hoje passam as pernas, eu próprio e a sorte é estar agarrado a elas, senão deixava as muletas para trás;  depois a falta de adaptação em que não podemos levar nada nas mãos e a dependência que isso causa; depois o cuidado com os tapetes ou piso molhado que nos convidam inexoravelmente para um malho bem dado, o que não convém...

Há medida que nos vamos habituando, vamos achando formas de começar a transportar coisas com uma mão na muleta, outra ocupada com o objecto e nós ao pé-coxinho; é giro, então quando se transporta por exemplo um copo com liquido, é muito giro - temos de ter cuidado e dar saltos suaves para não entornarmos nada; depois a utilidade que os bolsos passam a ter, ao transportar latas de cerveja, talheres, copos, uma infinidade de objectos que não sabiamos que se podiam transportar nos bolsos ou entalados no cinto das calças; o mais giro ainda é quando nos esquecemos que andamos de muletas e por exemplo estando sentados, dizemos " deixa estar que eu vou buscar "  - e nos preparamos para pôr em pé, esquecendo , devido à boa vontade, o principal: as muletas !

Depois há o efeito dissuasor que as muletas têm, tipo:

"Ou te portas bem ou levas uma muletada pelos cornos abaixo "

Uma coisa que incomoda, é quando nos sentamos no carro - ao lado do condutor - e porque não se colocam as muletas logo no banco de trás, apertamos o cinto de segurança com muletas e tudo. Ficamos com as mesmas contra o nosso peito e só depois nos lembramos de desapertar o cinto, tirar as muletas, colocar no banco traseiro e voltar a colocar o cinto de segurança.

Subir e descer escadas com muletas é fixe. A sensação de que estamos a entrar naquele velho programa de televisão " O perigo é a minha profisssão " dá a adrenalina que muitas vezes nos falta no dia a dia.

Mas andar de muletas tem as suas vantagens: nas caixas dos hipermercados somos sempre os primeiros a ser atendidos, independentemente do tamanho da fila, podemos estacionar o carro nos lugares de incapacitados, toda a gente olha para nós com imensa ternura ( pena não, que não g0sto que tenham pena de mim...), portanto nem tudo é mau.

Mas se querem seguir um conselho, aqui vai ele: NUNCA, MAS NUNCA, partam uma perna. A experiência muleteira não é de todo uma mais valia.